Francisca Lousada • 23 Jul 2024
Dia Mundial das Competências dos Jovens: Não façamos zapping ao progresso

No Dia Mundial das Competências dos Jovens, fui desafiada a escrever sobre a importância do Employer Branding para atrair e reter a Geração Z, a mais jovem no mercado de trabalho. Reconhecendo que muito mais linhas seriam necessárias para uma reflexão mais aprofundada, decidi tomar este espaço para reflectir sobre a relevância da tecnologia, inovação e agilidade nesta questão.

Aqueles que fazem parte da Geração Z não conheceram a sociedade sem as novas tecnologias de informação. Ou, se conheceram, foi apenas pelas histórias contadas pelos avós, numa época em que se comunicava por carta; pelas fotografias dos pais, tiradas com máquinas analógicas; ou pela televisão ainda sem cor, fielmente guardada na arrecadação. Os Zoomers não viveram estes tempos. Os mais velhos inauguraram as videochamadas com o Skype e, mais tarde, vibraram com o Snapchat; já os mais novos estrearam-se no WhatsApp e são os “donos” do TikTok. Se uns guardaram com carinho o primeiro Nokia 3310 que herdaram dos irmãos, os mais sortudos ainda eram miúdos quando receberam o primeiro iPhone. Em comum têm o facto de terem crescido num contexto de aceleração digital que moldou a sua forma de estar e pensar, levando-os hoje a privilegiar organizações investidas com o desenvolvimento tecnológico e a digitalização.

Reconheço alguma tendência para associarmos esta característica a um certo materialismo, mas não acredito que devamos fazê-lo. Pelo contrário, sou da opinião que este mindset está associado à vontade de progredir – não apenas em termos individuais, mas também colectivos. É verdade – dizem os estudos – que a Geração Z é motivada por oportunidades de desenvolvimento profissional e, inclusivamente, de progressão de carreira. Mas dizem-nos os mesmos estudos que esta é a geração que melhor reage às adversidades, a mais empreendedora, a mais tolerante e a mais consciente. A geração cujo nome vem de “zapping” – demonstrando o ritmo acelerado e pouco paciente em que vive -, é também aquela que promove ambientes colaborativos, que exige o respeito pelo nosso ecossistema, que apoia o combate às lideranças tóxicas e que vê no progresso a resposta para o futuro. Permitam-me que diga mesmo que esta geração é o futuro. São os líderes de amanhã e se não soubermos atraí-los e retê-los diminuímos a nossa hipótese de sermos competitivos.

É consensual que o desenvolvimento tecnológico e o empreendedorismo são vitais para o sucesso de um negócio. No entanto, até há pouco tempo, havia a tendência para canalizar os esforços de inovação para iniciativas directamente relacionadas com a cadeia de produção do produto (ou serviço) entregue. Existia também a impressão de que negócios posicionados fora das indústrias tecnológica, científica ou digital não precisavam de priorizar a digitalização dos processos, na medida em que esta, aparentemente, não impactava a sua proposta de valor.

Finalmente, chegou o momento em que percebemos que a transformação digital é indispensável também no que toca aos processos de recrutamento, modelos de trabalho, ferramentas de comunicação interna e gestão de equipas. E mesmo que não considerássemos o entusiasmo e relação que a Geração Z estabelece com organizações comprometidas com o desenvolvimento tecnológico, podemos concordar que esta está profundamente associada à produtividade das equipas, reflectindo-se, em última instância, na sustentabilidade do negócio.

Chegados aqui, não façamos zapping ao progresso. Até porque os próximos a chegar são os Alpha, que nem vão conhecer esta expressão.

Este artigo foi publicado na Forbes.

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