Por Miguel Reis, Director Criativo da Shift
À medida que nos aproximamos de 2024, as áreas do design e do branding apresentam transformações significativas, num esforço para construir comunidades em torno dos produtos e serviços que as marcas nos oferecem. A autenticidade torna-se crucial na relação com os consumidores, que procuram marcas alinhadas com os seus valores, envolvendo-se genuinamente através de tudo o que seja a expressão visual e emocional das mesmas. Para o próximo ano, destacaria seis tendências:
Identidade Visual
Conceitos como “Adaptative Typography” e “Typographic Artistism” trarão uma enorme dinâmica à construção das marcas, permitindo uma versatilidade que será notória nos próximos tempos. Do blur ao poder do pixel, das cores neon às mais vibrantes e saturadas, estes elementos farão parte das linguagens visuais de 2024, dado que os suportes digitais têm um papel fundamental. Seja na construção de cenários impossíveis e apenas antes sonhados ou na produção de imagens e animações geradas por IA (Inteligência Artificial), haverá uma evolução que permitirá elevar as marcas a outro nível. O domínio das múltiplas ferramentas e criação “prompts” cada vez mais complexos já é o grande desafio.
O impacto da IA
A IA desempenha já um papel de enorme importância na personalização de experiências de marca. O aparecimento deste tipo de ferramentas transformou o papel dos criativos, exigindo uma adaptação constante e a (quase inevitável) utilização destes instrumentos na construção de uma marca. Estas ferramentas funcionam como aceleradores dos processos, permitindo testar e experimentar múltiplas ideias de forma tão rápida como até há pouco tempo seria impossível. Quem nunca se transformou num personagem Disney Pixar com o Bard da Google? O compromisso quase em “tempo real” da promessa de Walt Disney “If you can dream it, you can do it”.
Experiências Imersivas & Design 3D
O design tem evoluído por forma a oferecer experiências cada vez mais imersivas, impulsionadas pelo domínio dos elementos tridimensionais e gráficos envolventes.
Com a evolução tecnológica, as marcas estão a apostar em proporcionar aos seus públicos experiências mais interessantes e personalizadas. A aposta em interfaces mais intuitivos, aplicações digitais inovadoras e até mesmo a integração dessas experiências em ambientes físicos será cada vez mais uma tendência. A Realidade Aumentada (AR) e a Realidade Virtual (VR) vão ser exploradas de forma mais ampla, potenciando experiências de marca ainda mais envolventes, sensoriais e memoráveis.
Minimalismo & Sustentabilidade
Uma tendência que se tem verificado nos últimos anos é a de simplificar no design, criando ambientes mais minimalistas e “clean”, que respiram sustentabilidade – um tema que continuará seguramente a ser tendência. Este movimento reflecte uma estética simplificada e um compromisso crescente com a sustentabilidade. As marcas procuram comunicar visualmente não apenas produtos ou serviços, mas também o seu compromisso e consciência ambiental.
Diversidade & Inclusão
A diversidade e inclusão não são apenas tendências, mas começam a ser vistas como princípios fundamentais das marcas, pelo que ocuparão um lugar central nas estratégias de branding e design em 2024. Esta é uma abordagem que tem sido aplicada em todos os elementos visuais, desde as cores às imagens, passando pelas fontes e linhas fortes que mostram que as marcas estão cada vez mais atentas à necessidade de adoptar discursos visuais mais inclusivos, garantindo a representação e identificação do seu público.
O (fim do) Blanding
Por outro lado, e contrariando uma tendência do final da última década, o “Blanding” vai perder expressão. Tendo sido aplicado por várias marcas de vários sectores, dos automóveis à moda, começou a descaracterizá-las e a levar à perda de personalidade e diferenciação. Acredito que vamos assistir a uma inversão dessa tendência e começar a observar o redesign de algumas grandes marcas, na procura de uma imagem mais modernizada e alinhada com a sua essência. Um bom exemplo é a Burberry, que depois de ter passado por um processo de “Blanding” em 2018, em 2023 assumiu de forma clara o seu ADN e a sua história com mais de 120 anos, regressando à simbologia original, mas com uma reinterpretação muito moderna e mais ousada.
Com o aproximar do novo ano, o que se espera é um cenário onde o futuro do branding e do design seja cada vez mais uma expressão genuína, diversificada e profundamente envolvente dos valores das marcas, como reflectido nestes seis tópicos. No novo panorama, a autenticidade não se fica apenas como uma tendência, mas um imperativo que impulsiona as marcas a criar relações duradouras com o público que é cada vez mais exigente.
Este artigo foi publicado na Marketeer.
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