Rita Oliveira • 14 Mar 2024
De que matéria são feitas as mulheres? Rita Oliveira responde

De que matéria são feitas as mulheres? Rita Oliveira responde

Ao longo do mês de março, a propósito do Dia Internacional da Mulher, a Líder tenciona dar palco e voz às líderes e empreendedoras que souberam ser fortes, mas também sensíveis.

O desafio parte de um guião de perguntas comum a todas. Definitivamente, no mundo corporativo, e apesar de todos os avanços, as mulheres não estão em lugar de igualdade em relação aos homens – salários, oportunidades de progressão de carreira, maternidade e trabalho, expetativas de resultados, entre outros. Fora da bolha do mundo ocidental, ainda há uma inequívoca discriminação, violação de direitos humanos, desigualdades profundas.

Celebrar ser mulher, sim. Agora e sempre, enquanto houver voz, palavras e histórias. Preparados para “ventilar o coração”? (Marjane Satrapi sabia o que dizia.)

 

Rita Oliveira, CEO da Shift Your Branding Agency, responde.

 

Rita Oliveira fundou há 25 anos a Shift, uma agência de branding onde faz da sua missão criar marcas impactantes em Portugal, e além fronteiras, para além da promoção da identidade de Portugal a nível global.

Rita Oliveira realça a posição estratégica do país junto ao Oceano Atlântico, como um poderoso ativo de branding, defende a Economia azul e o aproveitamento do património marítimo de Portugal.

 

De que matéria são feitas as grandes mulheres?

 

No contexto da liderança empresarial, as características fundamentais para mulheres líderes não diferem substancialmente das dos homens. Em primeiro lugar, uma líder eficaz deve demonstrar criatividade e uma determinação para concretizar ideias inovadoras. Em segundo lugar, a confiança em si própria é essencial, não apenas para liderar, mas também para cultivar uma equipa diversificada e inclusiva, onde cada membro é encorajado a alcançar o seu potencial máximo. Esta confiança serve como base para inspirar e influenciar os outros, garantindo que o coletivo e o individual sejam otimizados. Terceiro, uma líder precisa ter a capacidade de tomar decisões difíceis, muitas vezes sob circunstâncias desafiadoras. Esta habilidade não só constrói um ambiente seguro onde a equipa se sente capacitada para arriscar e inovar, mas também permite que a líder lidere com resiliência e sabedoria.

Além dessas características, outras habilidades como visão estratégica, empatia e persistência são igualmente importantes. No entanto, existe uma diferença entre as mulheres e os homens na ascensão à liderança, as mulheres têm de ser muito mais audaciosas para o fazer com sucesso.

 

Em que sentido a vulnerabilidade pode ser uma força para os que lideram?

 

Para entender completamente as pessoas, é crucial conhecer também as suas vulnerabilidades. Se uma líder hesita em partilhar as suas próprias vulnerabilidades, dificilmente conseguirá encorajar a sua equipa a fazer o mesmo, o que coloca em risco o sucesso do negócio. Maximizar o potencial de todos implica compreender as suas inseguranças. A líder deve liderar pelo exemplo, não temendo expor as suas próprias dúvidas e receios, pois isso cria um ambiente propício à mudança. A resistência humana à mudança frequentemente decorre do desconhecido, que nos torna mais vulneráveis.

Defendo uma cultura de tentativa e erro. O medo de falhar não pode existir, caso contrário, corremos o risco de boas ideias nunca se materializarem. Esconder as vulnerabilidades exige esforço, e enquanto nos dedicamos a isso, deixamos de nos focar no que realmente somos bons em fazer.

 

O que foi determinante no seu crescimento pessoal e profissional?

 

A determinação em ser dona da minha própria vida e a vontade de concretizar objetivos foram moldadas pela influência das mulheres empreendedoras da minha família. A minha avó, uma verdadeira visionária, construiu e geriu com sucesso um negócio de fabrico de móveis de escritório e outro de moda, com mais de 300 funcionários e conexões internacionais com a Alemanha e a Itália, tudo isto muito antes do 25 de Abril. Desde cedo, testemunhei o processo de idealização, criação, implementação e gestão de projetos, o que se tornou uma parte intrínseca da minha vida.

Talvez esta vivência familiar tenha instigado em mim a capacidade de criar e lançar projetos com naturalidade. Combinando essa inclinação com o meu desejo de independência, fundei a minha primeira empresa aos 20-21 anos, enquanto ainda estava a tirar a licenciatura. Essa experiência precoce fortaleceu ainda mais a minha determinação em perseguir os meus sonhos e moldou a minha visão empreendedora.

 

Que conselho daria hoje ao seu ‘eu’ mais novo?

 

Sinceramente…? Vai com mais calma, goza a tua juventude.

 

Que ensinamentos deixa para outras mulheres?

 

Em resumo, para as mulheres que aspiram a serem líderes eficazes, é crucial cultivar a confiança em si mesmas, encontrar o seu próprio estilo de liderança, construir uma rede de apoio ao longo do caminho e, não menos importante, valorizar o trabalho em equipa, promovendo a partilha de ideias e sucessos.

 

Como lida com o erro?

 

Consigo lidar muito bem. Talvez porque entrei no mundo do trabalho muito jovem, tive mais oportunidades de cometer erros sem que isso fosse visto como incompetência.

O que me incomoda é a falta de capacidade de aprender com os erros. Cometer erros é parte do processo, contanto que não cometamos os mesmos erros repetidamente. Acredito que o meu desenvolvimento pessoal foi fortemente impulsionado pelo gosto pela análise crítica dos acontecimentos: o que fiz, como poderia ter agido de forma diferente e o que não resultou tão bem. Esta reflexão é feita mesmo nos momentos de sucesso. Sou motivada pela constante vontade de evoluir.

 

Quais são as suas referências e fontes de inspiração?

 

Eu gosto de conhecer a história de figuras proeminentes em momentos significativos do mundo, e por isso as minhas referências são bastante diversas. Entre as mulheres, admiro figuras como Indira Gandhi, Margaret Thatcher, a Rainha Isabel II de Inglaterra, a Imperatriz Sissi da Áustria e Coco Chanel. Quanto aos homens, destaco nomes como António Champalimaud, Winston Churchill e Charles Darwin. Em termos de gestores contemporâneos, admiro pessoas como Miuccia Prada, Jeff Bezos, António Horta Osório, entre outros.

Este artigo foi publicado na Lider Magazine.

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